segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Tríades

TRÊS TRÍADES

• Três coisas irrecuperáveis: o efeito da calúnia, o tempo passado, o ato sexual adiado.

• Três coisas irresistíveis: dormir mais um pouco, a mulher do amigo, o puxa-saquismo.

• Três coisas maravilhosas e fugidias: a nuvem no céu, mulher rica e bonita, a juventude.

domingo, 19 de dezembro de 2010


O trem chinês da companhia China Railway High-Speed, alcançou nesta sexta-feira velocidade de 486,1 km/h, transformando-se na composição mais rápida do mundo, afirmou a agência "Xinhua".

O recorde foi estabelecido no trecho que liga a cidade de Zaozhuang, na província de Shandong, até Bengbu, na província de Anhui, de 220 quilômetros.

Com isso, superou os 416,6 km/h atingidos em setembro no trajeto entre Xangai, centro econômico e financeiro da China, até Hangzhou, capital da província de Zhejiang.

O trem, do modelo CRH380A, é utilizado no trajeto entre Pequim e Xangai, que em 2011 contará com 24 estações e unirá as duas cidades em quatro horas, passando por sete províncias formando a linha férrea de alta velocidade mais longa do mundo.
Agora eu pergunto? Quando vamos ter um desses na" terra brasilis"?.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Viagem nos trilhos

UMA VIAGEM NOS TRILHOS

Não tinha a menor idéia do que era caminhar sobre os trilhos de uma ferrovia. Nunca havia pensado nisso, nem de longe. Meu negócio sempre foi subir e descer montanhas, campos e ravinas.

Quando o Waldson postou aquela mensagem para o andarilhos.org, pedindo votos para sua foto, me interessei pelo assunto e fui navegar pelo “site” amantes das ferrovias.com que hospedava o dito concurso. Cadastrei-me e sou hoje um usuário constante desse sítio, pois trás assunto de muito interesse. Fiquei fã do negócio.

Descobri um mundo incrivelmente belo sobre ferrovias.

Aguçou mais ainda minha idéia quando vi que o assunto mexeu com minha memória ao perceber que alguns internautas postavam assuntos e fotos sobre São João Del Rei e ainda mais... com fotos de locomotivas antigas. Revi as fotos da 42, da 21, da 68, caldeireiras Baldwin fabricadas nos anos 40 que serviram à antiga Rede Mineira de Viação, de saudosa memória, pois foram as máquinas que eu vi e andei nelas quando criança. Pirei...

Entre uns e outros, descobri um capixaba que havia feito o “Caminho dos Trilhos” entre Viana e Domingos Martins. Informei-me sobre os dados, dificuldades e eis que se apresentou uma oportunidade de fazer algo diferente - o percurso até o Vale da Estação em Domingos Martins.

Traçado o objetivo parti para a logística do negócio, não sem antes convidar meu amigo Jorge Rangel, igualmente ocioso, ou melhor, com disponibilidade programada de tempo, nesses tempos de pós aposentadoria. O prezado andarilho não se fez de rogado e topou no ato, pelo que acertamos o dia.

Mal amanheceu o dia 9 de dezembro o telefone tocou e o Jorge disse que iria passar lá em casa às 06h00h em ponto. Acreditei.

O cara não mente e pontualmente às 06.10h estava eu dentro do seu Ford Eco Sport junto do colega Otavio Andrade (aquele dono do Bar EU ACHO É POUCO – olha o jabá aí gente, em Jardim Camburi), companheiro de tantas caminhadas), prontos para o destino Viana.

Saímos pela descida do Palácio Anchieta e rapidamente ganhamos a BR 262 que àquela hora apresentava ainda pouco movimento. Logo atravessamos o trevo da Ceasa e passamos pelo posto da PRF em Viana, entrando á direita para acelerarmos rumo á pequena estação de Viana.

O Jorge optou por deixar o carro no posto de gasolina logo antes da estação e, depois de acertar os ponteiros com o gerente, rumamos para a pequena estação de Viana cerca de 1000 metros à frente, passando debaixo de um viaduto da BR. De construção típica, está bem conservada e serve de abrigo para a litorina(vagão autopropelido dotado de assentos confortáveis e outras facilidades) que faz o passeio nas montanhas.

Uma locomotiva antiga e um pequeno vagão compõem o cenário bucólico do local.

Alguns trabalhadores de conservação da linha férrea aguardavam sentados ás margens da linha aguardando a hora de pegar no batente e foi com eles que nos informamos que uma composição iria descer ainda naquela manhã. Com isso, ficamos precavidos para qualquer eventualidade.

Histórico da Linha:

O que mais tarde foi chamada "linha do litoral" foi construída por diversas companhias, em épocas diferentes, empresas que acabaram sendo incorporadas pela Leopoldina até a primeira década do século XX. O primeiro trecho, Niterói-Rio Bonito, foi entregue entre 1874 e 1880 pela Cia. Ferro-Carril Niteroiense, constituída em 1871, e depois absorvida pela Cia. E. F. Macaé a Campos. Em 1887, a Leopoldina comprou o trecho. A Macaé-Campos, por sua vez, havia constrtuído e entregue o trecho de Macaé a Campos entre 1874 e 1875. O trecho seguinte, Campos-Cachoeiro do Itapemirim, foi construído pela E. F. Carangola em 1877 e 1878; em 1890 essa empresa foi comprada pela E. F. Barão de Araruama, que no mesmo ano foi vendida à Leopoldina. O trecho até Vitória foi construído em parte pela E. F. Sul do Espírito Santo e vendido à Leopoldina em 1907. Em 1907, a Leopoldina construiu uma ponte sobre o rio Paraíba em Campos, unindo os dois trechos ao norte e ao sul do rio. A linha funciona até hoje para cargueiros e é operada pela FCA desde 1996. No início dos anos 80 deixaram de circular os trens de passageiros que uniam Niterói e Rio de Janeiro a Vitória

Às sete em ponto demos inicio a nossa caminhada.

Caminho que seguia, avistavam-se à direita os montes que ascendem em direção a Domingos Martins pela BR 262. Com esse visual, atravessamos a periferia da cidade de Viana, caracteristicamente igual à maioria das outras com muito lixo espalhado e esgoto correndo para os leitos dos riachos e córregos. Alguns minutos após não víamos casa alguma e a caminhada se tornou mais ativa, limitada pelo piso duro e pedregoso leito dos trilhos.

Silencio apreciativo. Muita mata rala, pássaros e a paisagem não se renovava, pois o leito da maioria das ferrovias é estreito e limitava a visão.

Ao longe se ouvia o ronco dos motores dos carros e caminhões que subiam a BR262. Ao lado, uma estradinha de terra que liga Viana à Santa Isabel.

Caminhar nos trilhos não é uma tarefa fácil, pois se deve cadenciar os passos de acordo com a distancia entre um dormente e outro e esta distância nem sempre é igual, de modo que alterna-se passos mais curtos e com outros um pouco mais espaçados e isso cansa.

Quando se cansa dos passinhos nos dormentes, passa-se a andar sobre as pedras de brita que são escorregadias, pontudas, roliças e derrapantes. Se você não estiver com um calçado adequado corre o risco de torcer o pé, por isso o cuidado é constante e isso te obriga a olhar sempre para baixo o tempo todo. Nessa batida, à vezes, você perde um lance digno de fotografar.

Mas seguimos caminhando entre pedras e dormentes, ora por um caminhozinho lateral, também pedregoso ora batido, ora úmido, mas sempre com as benditas pedras no caminho.

Duas horas depois, lá pelas 9:30h, ouvimos o barulho forte de uma draga atracada no meio do Rio Jucu a retirar areia e esse barulho muito forte nos impediu de ouvir o trem, que veio rápido numa curva, mas com tempo e espaço suficientes para nos afastarmos. Não deu tempo suficiente para fotografar.

Percebi que o condutor portava óculos escuros e fones de ouvido, mas parecia dormir como se estivesse entregue a um piloto automático.

Passou rápido e ficamos aliviados em saber que não haveria mais trens naquela manhã e assim calmos e tranqüilos, seguimos apreciando a paisagem . Sempre o rio à nossa direita, muito abaixo de onde estávamos, precipícios imensos, montanhas de pedras sem fim, muita mata e muitos pássaros.-sabiás, coleirinhos, papa-capims,sanhaços,etc.

Muitas vezes tivemos que passar entre duas rochas cavadas pelo homem para o curso dos trilhos e, nessas ocasiões, para refrescar do forte calor, tomamos umas duchas e sorvemos daquela água pura e limpa. Deparamos-nos com uma bica usada antigamente para abastecimento das locomotivas e fotografamos imensa caixa d’água escondida pelo mato.

Cerca de3 horas e meia de caminhada veio o primeiro grande pontilhão e à frente dele um grande túnel. Nesta hora pensei na minha lanterna que ficou esquecida em casa. Com certo receio, atravessamos o pontilhão, dormente por dormente, devagar e sem olhar para baixo, e chegamos à entrada do túnel. Respiramos fundo e fomos em frente, para alguns minutos depois cairmos em completa escuridão!

Devagar e tateando pelas paredes confiantes em que não haveria mais nenhum trem, fomos, passo a passo, vencendo aquele obstáculo em curva, para depois, com alívio, percebermos que havia luz no fim do túnel. Foi um momento tenso, coisa de marinheiro de primeira viagem, tanto o pontilhão quanto o túnel, mas vencemos o medo e logo na saída paramos para um lanche (que estava na mochila) e hidratação.

Com calma e devagar comemos e bebemos, fizemos as fotos de praxe e recomeçamos o trajeto, agora mais experientes. Outros pontilhões e mais um túnel se sucederam, mas já estávamos experts no assunto, de modo que as travessias dos obstáculos se deram sem maiores temores.

Os maiores obstáculos nas travessias dos longos túneis foram os inúmeros, incontáveis e gigantes morcegos que nos obrigaram a uma luta ferrenha para, ao final, sairmos vencedores, mas isso é um “causo” à parte.

Já passava das onze horas e o cansaço já dava mostras de sua presença quando, para nosso alívio, começou um temporal para ninguém botar defeito. Chuva pesada e constante que durou uma hora e quinze minutos. Eu que tinha levado minha capa de chuva, não molhei a mochila, mas era tanta água que, mesmo assim, fiquei ensopado da cintura para baixo.

O Jorge e o Otávio nem se fala. A mochila de ambos parecia uma bica vazando água por todos os lados. Mas foi sensacional e lavamos, literalmente, a alma e o corpo.

Nesse trajeto avistamos nas encostas ao longe as primeiras pessoas, camponeses cultivando suas hortaliças. Pessoas dignas de respeito, pois num local ermo como aquele, cultivar hortaliças e legumes, trabalhando de sol a sol, para depois embarcar por estradinhas mal conservadas e estreitas com destino à Ceasa e nem sempre receber um preço justo, é coisa para gente valente.

No caminho mais adiante encontramos a PCH Jucu, uma usina privada fornecedora de energia para a Escelsa, que fica escondida na mata. Paramos para fotos e achei que havia algum morador, mas ninguém apareceu.

O caminho seguiu depois da chuva, mais aliviado no calor, porém, com a dificuldade de sempre: os infindáveis dormentes e as pedras pontudas e escorregadias. Com a chuva, tivemos que redobrar os cuidados ao pisar nos dormentes, pois estavam muito escorregadios e isso ao atravessar os pontilhões gerou extrema cautela.

Mais uma hora de caminhada e chegamos de fato à primeira casa na beira da estrada e logo à frente avistamos um habitante que, para nosso alívio, nos informou que o Vale da Estação estava ali perto: uns 5 minutos.

De fato ao adentrarmos o povoado, eram 13h30min h, exatas 6 horas e meia de caminhada de 23 km nos trilhos, exaustiva, mas bela e atraente.

Paramos numa bica ao lado da estação para refrescar e adiante nos deparamos com a Lanchonete Vale da Estação para uma justa e merecida cerveja gelada. Nada para comer!!! E a fome apertando!!!

Pedimos as bebidas e logo apareceu um morador, de fenótipo alemão, olhos azuis e discretamente embriagados. Apresentou-se como Stein e pediu uma “meiota”. Falei que podia pegar com a dona do boteco, mas ele disse que ela não lhe venderia. Fui até o balcão e trouxe logo duas, uma para ele outra para dividir com o Jorge. Aí começou a encrenca, pois o dito alemão me confundiu com um personagem do programa do Silvio Santos e para entrar no jogo, confirmei que era eu mesmo. Foi uma piada, pois eu tive que me segurar no riso quando o figura me chamava de “Sambarilove”.

O Jorge, dando a maior força, fez com ele nos convidasse para a festa que começaria mais tarde em Santa Isabel. Falei que iríamos e prometi ao fulano que falaria com o patrão Silvio Santos, e mencionaria o nome dele no programa de cantores que eu, na mente dele, participava aos sábados no SBT.

Após tantas risadas pegamos de novo as mochilas e rumamos para o Café com Prosa, na saída de S Isabel para encher o estômago, a essas alturas, varados de fome. Seriam mais 4 km asfalto, mas ... no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho. Essa pedra pode ser traduzida com Adega do Ivo.Ivo Fiegl( argh!!)

Simpático, o Ivo nos atendeu bem, tomamos e compramos cachaça da melhor qualidade, inclusive ele alambica uma de abacaxi que é uma delícia. Degustação terminada pegamos de novo o caminho e rapidamente chegamos ao Café com Prosa onde, como sempre, saboreamos delicioso pão com lingüiça ou pernil.

Saciados, havíamos pensado em chamar o Lucas, taxista de Campinho, mas a garçonete nos informou que em cinco minutos passaria o ônibus para Vitória.

Esperamos um tempo e apareceu o próprio, embarcamos e por 2,50 reais, num pulo estávamos no posto de Viana onde estava o carro do Jorge.

Nesse caminho, surgiu uma dúvida sobre quantos dormentes existem na linha, um achava que eram 8.343, outro achava que eram 8.525, outro 9.182 dormentes, mas essa é outra estória que um dia vamos esclarecer.

Pela incerteza numérica gerada e algumas caninhas de reforço a embaralhar a mente, ficamos de resolver essa pendenga em oportunidade futura a ser acertada, aí é claro na companhia dos nossos estimados andarilhos.org.

Do Café com Prosa, pegamos o ônibus da Águia Branca que faz a linha Carolina/Vitória, catando jeca para todo lado num total de 5 hs de viagem- e chegamos sãos e salvos dessa aventura nos trilhos, que já está prometida a ser continuada em data a ser posteriormente definida.

Fotografias serão adicionadas oportunamente pela falta do cabo USB do celular de última geração que utilizei.

Abraços.

Vitória, 11 de dezembro de 2010.

Ulisses José de Souza

Jorge Rangel

Otávio Andrade

terça-feira, 16 de novembro de 2010

CPMF

Já não há mais risco de engano. Pelo rumo da coisa, o leite da bondade que jorrava das propagandas eleitorais azedou.

Na campanha, todos os túneis acabavam em luz. O futuro ia ser radioso.

O futuro ia ser resplandecente. O futuro ia ser feliz.

O futuro ia ter segurança, educação e saúde.

Agora, contados os votos, o futuro foi reduzido ao retorno de um passado em que havia a CPMF.

Já não se fazem futuros como antigamente.

Todos só falam na recriação do tributo. Os governadores amigos o querem de volta.

Alguns governadores adversários também o desejam.

Dilma Rousseff, a presidente eleita, diz que não tomará a iniciativa. Mas se os governadores almejam...

Súbito, José Sarney, o presidente do Senado, veio aos holofotes para informar que os congressistas igualmente podem querer.

"Eu ouvi a ministra Dilma Rousseff dizer que não vai mandar nenhum projeto fazendo retornar a CPMF...”

“...Agora, isso não impede que aqui, dentro das duas Casas do Congresso, apareça uma iniciativa parlamentar restaurando essa contribuição".

Assegura-se que a neo- CPMF, uma vez arrancada do bolso alheio, irá integralmente para a saúde.

No papel, a CPMF antiga tinha o mesmo destino. Porém, como dinheiro não tem carimbo, o grosso da coleta tomava outros rumos.

Nada como o passado recente para fazer o “contribuinte” brasileiro desacreditar do seu futuro. Ah, que saudade do horário eleitoral!

Memórias

Eu sinto vontade constante de estar escrevendo.
Sempre gostei, apesar de saber de minhas limitações.Um escritor de verdade é letrado o suficiente para ir desenvolvendo um tema escolhido.Pode ser qualquer coisa. Eu me ligo muito em leitura e através dela você aprende a colocar sua massa cinzenta para funcionar.Ultimamente lí seis livros e um deles me prendeu bastante por se tratar de um tema que me fascina-o memorialista. Esse é aquele que tem um HD de não sei quantos gigabites na cabeça e se lembra de fatos remotíssimos. Acho que estou aprendendo com o Pedro Nava, o autor do "Baú de Ossos" e vou tentar contar uns pedaços de minha vida.Já comecei e já tenho umas 15 páginas declaradas.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Literatura de cordel

A literatura de cordel é uma espécie de poesia popular que é impressa e divulgada em folhetos ilustrados com o processo de xilogravura. Também são utilizadas desenhos e clichês zincografados. Ganhou este nome, pois, em Portugal, eram expostos ao povo amarrados em cordões, estendidos em pequenas lojas de mercados populares ou até mesmo nas ruas.

Patativa do Assaré

Se tem uma coisa que acho fantástico é o poder criativo dos poetas de cordel. Veja o caso do famoso Patativa do Assaré, nessa trovinha:


Poetas niversitário,
Poetas de Cademia,
De rico vocabularo,
Cheio de mitologia;
Se a gente pensa o que pensa,
Eu quero pedir licença,
Pois ,esmo sem português
Neste livrinho apresento
O prazê e o sofrimento
De u m poeta camponês.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Terminei de ler o livro “Chão de Ferro” de autoria de Pedro da Silva Nava, mineiro nascido em Juiz de Fora em 5 de junho de 1903 e falecido em 13 de maio de 1984 no Rio de Janeiro.

Formou-se em Medicina na Universidade Federal de Minas Gerais em 1927 e participou da geração modernista de Belo Horizonte. Como escritor tornou-se o maior memorialista da literatura brasileira, autor de seis livros. O primeiro foi Baú de Ossos. Depois deste vieram ainda Balão Cativo, Chão de Ferro, Beira Mar, Galo das Trevas e, por último, O Círio Perfeito. Pedro Nava traçou nestas obras um completo painel da cultura brasileira no século XX, além dos costumes familiares e sua cultura popular.

Suas páginas sobre a medicina figuram como das maiores que se tenham escrito na literatura brasileira. A Belo Horizonte de seus anos vinte e o Rio Antigo passeiam em suas narrativas como uma força poética e uma profundidade observacional que muitas vezes se transformam em pura poesia, levando o leitor a um mundo mágico. No dizer de Carlos Drummond de Andrade: "… possuía essa capacidade meio demoníaca, meio angélica, de transformar em palavras o mundo feito de acontecimentos." Nava também possuía grande talento de pintor e só não o foi profissionalmente por opção.

Cometeu suicídio com um tiro na cabeça aos 80 anos, por razões desconhecidas, numa praça do bairro da Glória, após ter atendido, em seu apartamento, a um misterioso telefonema. Hoje, cogita-se que Nava vinha sendo chantageado por um garoto de programa, informação encoberta pela imprensa à época. Mas Ricardo Setti, em artigo publicado em Observatório da Imprensa, afirma que "Zuenir viu-se intensamente pressionado pelo meio cultural. De sua parte, considerava que o relato provinha de fonte pouco confiável. No final, passou as informações para a sede da revista em São Paulo, enviou a reportagem, contendo um curto parágrafo com a hipótese de chantagem sexual, mas manifestou vigorosamente sua oposição a que o parágrafo fosse publicado". Há de se considerar, no entanto, que Zuenir não colheu pessoalmente o relato do garoto de programa, mas, os jornalistas que o fizeram, considerando seu testemunho bastante verossímil.

Chão de Ferro percorre o tempo que Pedro era aluno do Colégio Pedro II no Rio e se situa pelos anos 1914--1918. É absolutamente impossível resumir qualquer trecho do livro tal a impressionante riqueza de detalhes com que Nava conta as histórias de seu tempo.

Dentre as milhares de narrativas que me encantaram, passo a descrever a feijoada completa semanal que Pedro participava na casa de seu Tio Heitor Modesto de Almeida, pessoa que muito o influenciou em toda sua vida.

Antes um parêntese: Segundo Pedro Nava a feijoada é prato legitimamente carioca, tendo sido inventado na Rua General Câmara, no famoso restaurante G.Lobo, cujo nome se dizia contraído em Globo.”Não se pode dizer que tenha sido uma criação espontânea,pois antes é a evolução venerável de pratos latinos como o cassoulet”francês que é um ragout de feijão branco com carne de ganso, de pato ou carneiro- que pede panela de grés- cassole- para ser preparado. Passando os Pirineus, é ainda com o feijão branco, com toucinho imaculado e com ebúrnea pele de porco que os castelhanos urdem suas judias-à-la bretagne.O nome mesmo mostra que o acepipe veio de fora e das Gálias. Seguindo o caminho das invasões, ele atravessa Tui, Ciudad Rodrigo,Badajos, Huelva- ganha Tavira, Elvas, Guarda e Valença de MInho para espalhar-se por Portugal na forma do guando cozido com carne de porco e paio.Mestre Lobo da Rua General Cãmara, tomou dessa muda européia, plantou e ela pegou aqui no tronco da feijoada-completa-do-hino-nacional.

Suas variantes brasileiras radicam principalmente em usar o feijão mais comum na região e em juntar ao porco outras carnes, miúdos e legumes encontradiços nos locais.. A falação é a mesma, só muda o sotaque. Pernambucana, cearense, piauiense, baiana são sobejamente conhecidas por Pedro Nava por conta dos laços parentescos, a baiana, por exemplo, pela tia de sua mulher, ele diz que tem a suntuosidade de sua rabada,dos anteparos de sua costela de vaca, do seu arco-íris de louro, açafrão,gengibre, cravo e coentro, cebola, salsalho e com seu fogo de artifício- pimenta malagueta curtida no gengibre”.

Sabe Pedro das delícias da feijoada mineira de sua mãe, da paulista de Dona Luisa, e das ecléticas Pernambuco - Minas, ou a do eixo Minas – Rio de Maria do Carmo e José Nabuco. De todas, ele diz que a mais incrível é a ortodoxa-católica-apostólica-romana, a carioca de Gê Lobo-Globo- sacramento este que comungou no cozinha insigne do Tio Heitor.

Vamos á descrição: “Ele próprio gostava de escolher o feijão mais igual, mais preto,mais no ponto, grãos do mesmo tamanho e do mesmo ônix. Ele mesmo é que comprava o lombo, a carne de peito, a lingüiça e os ingredientes de fumeiro com o que ia compor e orquestrar.A couve mais verde, a farinha mais seca e o torresmo mais escorregadio.Seu grande truque era cozinhar sem esmagar um só grão e depois de pronto,dividir em dois lotes. Tomava de dois terços e tirava seu caldo, peneirando. Um terço, esse sim! Era amassado, passado,livrado das cascas, apurado e esse caldo grosso é que ia ser novamente misturado aos grãos inteiros. Era assim que sua casa não se via a desonra da feijoada aguada.

Toda a carne fresca, a seca e a do fumeiro, era cozida no caldo mais ralo tirado da primeira porção. Só o lombo era feito sem contato, desobrigado de outro gosto senão o de sua natureza, o da vinha-d’alhos em que dormira e o das rodelas de limão que o guarneciam. Quando havia uma enfiada de feriados o Sr Modesto prferia preparar de véspera porque, sustentava, a feijoada dormida e entranhada era mais saborosa. Foi ao estro de sua mesa que pus em dia a melhor maneira de degustar a imensa iguaria.

Prato fundo, já se vê, de sopa! Nele se esmagam quatro a cinco pimentas-malaguetas entre verdes e maduras, frescas ou danadas no vinagre. Tiram-se-lhes carocinhos e cascas deixa-se só a linfa viva que é diluída num caldo de um limão. Esse corrosivo é espalhado em toda a extensão do prato e então farinha á vontade para deixar embeber. Retira-se o excesso que volta para a farinheira. Sobre a crosta que ficou, vai a primeira camada de feijão e mais uma de pouca farinha.. Edifica-se com superposições de couve,de farinha, de feijão, de farinha, das carnes, e gorduras e do respaldo mais espesso cobertura final de farinha.. Espera-se um pouco para os líquidos serem chupados, aspirados, mata-borrados e come-se sem misturar. Sobre o fundo musical e uniforme do feijão, sentem-se os graves do fumeiro, o maestoso do lombo, as harmonias do toucinho e os agudos, os álacres,os relâmpagos e os inesperados do subsolo da pimenta malagueta. E só. Um prato só. É de boa regra não repetir a feijoada completa,porque o bis-como o deboche- é reprovável.

A versatilidade do feijão é que permite a combinação das feijoadas regionais brasileiras a qualquer farinha. A grossa, farinha de pau do Maranhão. A fresca ou torrada. Simples ou com farofa de ovo ou de torresmo, ou dos dois. A farinha de milho seca, na sua pasta de angu, ou na pulverulencia úmida do cuzcuz de sal. Meu tio Modesto aconselhava a de mandioca simples, sem torrar ou então a de sal grosso, folha de cebola miúda, embalada na hora com água fervendo.. E fora disso, só couve. Isso de feijoada completa com arroz, laranja é heresia:o primeiro abranda e a segunda corta o gosto. E este deve ser preservado dentro da exuberância e do exagero da sua natureza barroca. Barroco-eis o termo!. Porque como obra de arte ( e levando em conta que”....Baudelaire avait bien dit que lês odeurs,lês coleurs e les sons se répondent) a Feijoada Completa Nacional está para o gosto, como os redondos de São Francisco de Assis em São João Del Rei, a imobilidade tumultuária dos profetas em Congonhas do Campo e a Ceia de Ataíde, no Colégio do Caraça, estão para os olhos. Ainda barroco e mais, orquestral e sinfônico, o rei dos pratos brasileiros está para a boca e a língua como, para o ouvido,- as ondulações, os flamboiantes, os deslumbramentos, os adejamentos, a ourivesaria de chuva e o plataresco dos mestres mineiros da música sacra e do Trio em Dó Maior para dois oboés e corninglês- Opus 87 de Ludwig van Beethoven.

Depois da feijoada, assim como depois da orgia, a carne é triste. Não a do prato. A nossa, pecadora. Patriótica ela serve tanto á Unidade Nacional como essa língua assim “dulcíssona e canora” que Portugal nos ofertou.

Obs: Pedro Nava exímio conhecedor da língua portuguesa, versado em francês e latim, nos brinda com expressões que só com auxílio do Aurélio conseguimos entender.

Ele cita André Guide( Journal-1942-1949) para subscrever sua declaração de amor á França, verdadeira pátria da cultura ocidental.

J’e me sens issu de la culture française:m’y rattache de toutes lês forces de mon coeur et de mon spirit. J’e ne puis m’ecarter de cette culture qu’em me perdant de vue e et qu’em cessant de me sentir moi-même”

O segundo turno

Aproxima-se o dia 31 e quero aceditar que Serra tem reais chances de se consagrar Presidente. Digo isso me baseando nas falsas pesquisas esleitorais levadas à cabo naquela ocasião, por institutos vendidos ao petismo.Eles se enganaram redondamente frustando Lula e seus seguidores.A campanha se desenvolveu dentro de um clima aguerrido com nosso candidato colocando a terorista no seu devido lugar: sem conseguir passar á nação que é uma pessoa qualificada a governar o país. Mais ainda, demonstrou que a candidata tinha conhecimento dos escandalos e da roubalheira perpetrados pela equipe de Erenice. Aquilo tinha se tornado uma casa de negociatas, à exemplo do que fora os inúmeros escandalos anteriores,artamente denunciados pela imprensa.
A população mais conscientemente instruida, está vendo que Dilma não possui nenhuma voz própria e está a repetir, como um ventríloco, aquilo que seu guia lhe dita.Por ser na minha opinião, uma analfabeta administrativa,pode levar o país a rumos equivocados com sua ideia retrógada de estatização. Ela é uma pessoa ambígua e não consegue articular pensamentos coerentes. Acho até que seus marqueteiros não conseguem controlar o riso: é só assstir seus pronunciamentos no You Tube.
Ela, no Erenicegate, a princípio disse que aquilo era um factóide. Agora que a Erenice confirmou em depoimento na polícia Federal que havia participado mda reunião, com que cara vai ficar frente à opinião pública?Afinal Erenice era seu braço direito. Enfim esse governo Lula que felizmente se acaba é um antro de corrupção. Bom mesmo vai ser ficar sem ter que assistir o Lula 51 dando suas "aulas" nos palanques do Brasil.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

As eleições

As eleições se aproximam e a bem da verdade, a mais importante é a do presidente da República. Não que a de governador de Estado seja menos importante mas, pelo sentido político global esta eleição para presidente será um divisor de marco para nossa história. Sim, pois que os comunistas estão prestes( a se confirmarem as pesquisas-falsas e direcionadas na minha opinião) a fincarem definitivamente os pés no comando. Tudo o que acontecer daí para a frente, terá o carater vingativo e opressor, marcas registradas dos ideólogos do comunismo. Lenin e Trotsky devem estar dando risadas no túmulo.
Eu particularmente não tenho o mínimo interesse em assistir pela tv o dabate entre os candidatos pois o que se vê, notadamente entre os postulantes a presidente da República, são trocas de acusações, deixando de lado o mais importante: a política. Sim pois que a coisa mais importante para uma nação é a politica: política da segurança, política da educação, a da saúde, a da infraestrutura, do meio ambiente.
Honestamente não vejo por parte da atual postulante do PT nenhum gabarito técnico/político em formatar um projeto em qualquer dessas áreas, que vise o engrandecimento do país de modo a colocá-lo no rol de países sérios.
A corrupção e a roubalheira tomaram conta de toda classe dirigente e o povo assiste, impassível, ao maior engodo que se estabeleceu nessa pobre república.
Como lidar com os atuais governantes que, liderados pelo seu chefe maior, na maior desfaçatez,fingem que nada acontece e procuram passar para a população que tudo que está na imprensa foi armado pela oposição.
Não bastam as evidencias absolutamente impressionantes do desvio de dinheiro público, dos "lobbies" estrategicamente armados dentro das salas palacianas, das combinações político partidárias envolvendo esquemas financeiros, da cretinice de perdoar e se aliar a quem atacara em eleições passadas( Collor, Sarney, Renan, Barbalho, Jucá, etc, dos frequentes ataques a quem se posiciona contra passando para a população que estes são "contra o povo", etc.
O pior disso tudo é o silencio e a mansidão bovina da atual oposição.
O que assistimos diariamente pelos telejornais, lemos nos jornais e revistas semanais é a figura do presidente, nas tonalidades mais raivosas já vistas, despejar fortes ataques á mídia, como se ela mídia, fosse a culpada pelos sucessivos escandalos perpetrados pelos petistas. Chegou dizer que " a mídia se comporta como partidos políticos" e que "derrotaria os adversários" chegando inclusive a propor a "extirpação de determinado partido".
O presidente afirma com todas as letras que a mídia" trabalha para que o candidato Serra seja colocado no segundo turno" como se um fato desses - absolutamente normal e esperado numa democracia, seja interpretado como um golpe e, pensando que somos idiotas, acha que isso vai contra a vontade do povo, como se as eleições já estivessem sido encerradas. Isso além de trágico é cômico.
O presidente quer controlar a imprensa e já disse isso várias vezes, inclusive através do seu pau mandado J. Dirceu, que numa palestra para sindicalistas na Bahia, disse que no país existe muita liberdade de imprensa e isso é um problema para eles(petistas).
A população esta cansada de assistir pela tv as imagens, nojentas por sinal, de políticos enfiando pacotes de dinheiro em todos os lugares, se vendendo abertamente numa demonstração de total falta de ética e moral.
Mas, incrível .....para o presidente e demais petistas tudo isso é normal, é fofoca da oposição, é golpe da mídia que quer forçar um segundo turno, que quer tirar o pobre do PT da presidencia.
O povo abestalhado e sem poder de reação, abastecido que está pelas inúmeras bolsas, assiste impassível a toda essa falcatrua e vai se enchendo dessas mentiras passando a crer que tudo é invenção mesmo! Pobres ignorantes, não sabem que esta é a tática pregada pelos comunistas, orientados pelos ensinamentos de Antônio Gramsci, para se manterem no poder.
A candidata do PT á presidencia da república, a ex-guerrilheira assaltante de bancos, para ser bastante objetivo, é uma despreparada para comandar uma nação, não sabe falar direito, não articula uma frase completa, mente descaradamente, falsificou seu "curriculum", acoberta as falcatruas de auxiliares, e está alí apenas para cumprir uma função: ser comandada pelos comunistas derrotados em 1964.
Todos tem como ídolo a figura do ditador Fidel Castro, cujo governo eliminou mais de 100 mil opositores para, 50 anos depois, transformar aquela ilha no único e miserável país comunista que ainda resta. Até na mãe Russia essa praga do comunismo não mais existe, mas aqui no hemisfério sul está bem servido com Lula,Chavez, Correa,Evo Morales, Kirchner,Ortega, Mojica e só não deu certo em Honduras porque lá viram que o buraco era mais embaixo!!
Ainda de quebra paparicam e doam nosso dinheiro a ditadores africanos de nomes desconhecidos, apoiam Kadaffi, Ahmadinejad, o Hammas, a Síria, Coreia do Norte enfim... tudo que não presta.
Não vejo horizonte tranquilo nos próximos anos.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Ameaça á democracia.

Leio pelos jornais, internet,etc que o Presidente Lula esteve ontem em Santa Catarina no palanque instalado para comício da candidata Dilma. Diga-se de passagem, numa clara demonstração de desrespeito ás regras vigentes pois , sendo presidente da República deveria estar em Brasília GOVERNANDO em horário de expediente.
O pior é que em seu discurso cheio de raiva e num tom bélico, disse com todas as letras que " deveríamos extirpar o DEM.Convenhamos que discurso deste tipo não faz parte de nenhuma democracia e não pode ser admitido. Você pode até não gostar de tal partido mas pregar sua "extirpação" leva a conotação de eliminação.
Penso que a democracia brasileira esteja á perigo e não vejo líderes sensatos e gabaritados para nos tirar dessa situação.É um grande desafio para nós, democratas, enfrentar o atual governo que evidencia e prova a toda hora seu carater ditatorial. O PT é autoritário, anti-democrático e tem um viés retrógrado.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Convento São Francisco




O Convento São Francisco começou a ser construído no final do século XVI pelos padres franciscanos Antônio dos Mártires e Antônio das Chagas, a pedido do 2º donatário da Capitania do Espírito Santo, Vasco Fernandes Coutinho Filho.


Era composto de igreja dedicada à São Francisco, mosteiro/claustro e a Capela da Ordem Terceira da Penitência.. A esse conjunto foi posteriormente acrescentado um cruzeiro na ladeira de acesso(1744) e finalmente um cemitério "provisório" que funcionou de 1856 a 1908.

O convento passou por algumas reformas,sendo as principais realizadas em 1744 e 1784, quando a fachada da Igreja conventual,em estilo jesuítico de linhas retas, foi substituido recebendo adornos e volutas,típicos do estilo colonial barroco.

O covento era ponto de encontro e de evangelização, abrigando algumas irmandades dentre elas a Irmandade de São Benedito, que se reunia na Capela da Ordem Terceira e movimentava a cidade com suas festas e procissões.



Com o tempo o convento foi ficando ocioso e as autoridades civís passaram a requisitá-lo para as mais diversas finalidades,funcionando como escola,e enfermaria,até que em 1926 a áreq foi remodelada e grande parte destruída para dar lugar ao Oranato Cristo Rei, que funcionou até 1960.Adicionar imagem

A partir daí serviu para diversos usos,como Residencia episcopal(1960 a 1985),Rádio Capixaba(1963 a 1973),colégio Agostiniano(1970 a 1976),residencia das Irmãs Carmelitas( 1981 a 1985).
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Atualmente abriga a Capela de N S das Neves foram tombadas pelo Conselho Estadual de Cultura em 1984.


A Capela de N S das Naves construida no século XVIII, serviu de capela mortuária até 1908, quando então foi construido o cemitério Municipal de Santo Antônio.



O convento foi pioneiro no abastecimento de água em domicílio na cidade em 1643, devido á construção de um aqueduto que trazia água da Fonte Grande para a cozinha do convento.

O pátio do Convento é enriquecido com uma coluna alta coroada com a imagem de N S da Imaculada Conceição, erguida para marcar o local onde foram transferidad as ossadas encontradas nas ruinas do convento e talvez até mesmo os restos mortais de frei Pedro Palácios, idealizador do Convento da Penha.

Informações obtidas do "Projeto Visitar" a história abre suas portas.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

O Frade e a Freira




O Frade e a Freira são formações rochosas de granito,com altitude de 683 metros,localizadas no município capixaba de Itapemirim que tem como limítrofes os municípios de Cachoeiro de Itapemirim,Rio Novo do Sul e Vargem Alta.

A formação rochosa pode ser vista à partir da rodovia BR 101-Sul logo após passar o trevo de Rio Novo do Sul, no sentido Rio de Janeiro. O seu formato lembra as imagens de um frade e de uma freira, esta num plano mais baixo , parecendo ajoelhada como estivesse se confesando com o frade.
Diz uma lenda que um frade e uma freira se apaixonaram e como suas vidas estavam dedicadas a servir à Deus, não puderam se render a este amor. Como forma de permanecerem unidos, os dois foram transformados em montanha ,de tão grande era o amor e ficam admirando um ao outro eternamente.


Quando o Brasil engatinhava na sua tragetória, chegaram aqui os semeadores da fé, pois a história nos conta que há mais de 400 anos os frades andavam pela região sul do estado em busca de ouro e de almas, o que acabou dando credibilidade à lenda . Com o passar dos anos, esse amor foi registrada nos versos do poeta Benjamim Silva (1886 - 1954 ) com o soneto "O Frade e a Freira":

Na atitude piedosa de quem reza,

e como que num hábito embuçado,

pôs, naquele recanto,

a natureza a figura de um frade recurvado.



E sob um negro manto de tristeza

vê-se uma freira , tímida ao seu lado,

que vive ali rezando, com certeza,

uma oração de amor e de pecado.



Diz a lenda - uma lenda que espalharam -

que aqui, dentre os antigos habitantes,

houve um frade e uma freira que se amaram

Mas que Deus perdoou lá do infinito,

E eternizou o amor dos dois amantes

Nessas duas montanhas de granito.


Neste cenário os andarilhos tendo saído de Vitória ás 6.00h e após 2 horas na BR 101, rumo sul, chegaram ao local denominado Chalés do Frade, bucólico sitio onde despontam chalezinhos coloridos. Uma piscina de aguas azuis convidava para um mergulho pois o sol estava convidativo.

O verde dos gramados pôde ser ainda apreciado apesar da prolongada estiagem.Logo acima ergue-se, imponente, a formação do frade e a freira.




Após um saboroso café da manhã, houve a tradicional preleção feita pelo Antônio Falcão, seguida das fotos costumeiras do grupo e ainda do pesadíssimo aquecimento provocado pela Josilene, começamos a trilha liderados por um guia local.



Logo de saída encaramos uma subida que ninguem conseguiu apreciar tal a sua amplitude. Com bastante esforço, mesmo os mais experientes andarilhos sentiram dificuldades, avançaram morro acima,tropeçando aqui e alí, nos ramos e galhos espalhados pelo pasto.


Ouví muitos amigo(a)s maldizerem quem qualificou aquela etapa de "grau médio"...dizendo: "Ah se eu pego esse mentiroso"!!. Bovinos de raça mestiça corriam á aproximação daquele bando de loucos, se perguntando o que humanos estariam fazendo aquela hora do dia com sol quente, subindo aquele morro íngreme.





Vencida a etapa de subida, começou outra tarefa árdua, pois descer é tão complicado (ou mais) que subir.Dependendo da situação articular do camarada descer pode complicar os joelhos de qualquer um.





A descida para contornar a pedra da Onça revelou-se tambem perigosa pois em certos trechos, era muito íngreme e somente com ajuda de cajados, calçados adequados e a providencial presença de cipós a coisa ficava mais fácil.

Presenciei vários tombos e muitos se cortaram ou se machucaram nos espinhos. Mas o pessoal foi vencendo as dificuldades e após o contorno da Onça, paramos para um mercecido descanso e para apreciar o belíssimo visual que se apresentava aos nossos olhos. Por 360 graus avista-se a imensidão das montanhas e ao longe para leste, o oceano Atlântico.



Agrupados alí naquele paraíso muitas fotos foram feitas e tambem aproveitamos para um papo animado e descontraído.

Prosseguimos a descida até atingir o ponto onde se começa a caminhar em direção ao cume do Frade e da Freira.E uma estradinha trilhada por rodas de automóveis, fácil de seguir e com quase nehuma aclividade. Pouco depois entra-se pela matinha á direita e numa trilha estreita e muito sombreada alcança-se o início da rocha propriamente dita.


Alguns já estavam aboletados e tiravam fotos e riam como crianças.





O local é realmente belíssimo, qualquer palavra será pouco para qualificar o visual que se desortina por todos lados.





Alguns se aventuraram mais acima do que o razoável e na verdade, com ajuda de cordas é possível atingir o ápice da cabeça do Frade.Uns "malucos" alíás estavam alí praticando rapel-descendo daquela altura incrível.





Ficamos um bom tempo alí apreciando a paisagem, conversando e fotografando, inclusive amaldiçoando os pichadores aborígenes que deixam suas marcas na pedra- até que alguem sugeriu que, uma vez tudo visto e fotografado fartamente, fossemos tomar cervejas qe tambem almoçar. Claro que foi ótima ideia. A descida foi rápida e tranquila. Chegamos e fomos rapidamente pegar as cervejas e alí iniciou-se um excelente momento de descontração e conversa-aliás muita conversa!!


Cervejas e muitas fotos de pessoas descontarídas e alegres foi a maneira saudável de passar algumas horas de bastante alegria.
O almoço, simples porem saboroso, foi apreciado pelos andarilhos.
Por volta das 15 horas começamos os preparativos para a volta. Mochilas e tralhas nas vans rumamos para Vitória, nos despedindo daquele cenário maravilhoso. O retorno foi tranquilo e de quebra ainda paramos em Iconha para mais umas cervejas e cafés.